Viagem musical e Yes do orelhão no Rock in Rio

Por Claudius Brito- Sempre fui um apaixonado por música, talvez influência dos irmãos mais velhos. E essa influência, diga-se de passagem, foi muito rica e positiva, pois nosso gosto musical incluía desde a música clássica, passando pela MPB até chegar ao velho e bom rock. Em casa, somos todos beatlemaníacos. Eu, até, quando criança, tinha um corte de cabelo que às vezes tentava imitar os rapazes de Liverpool.

Gostava de cantar as músicas, com um inglês meia sola. Mas era divertido. Até hoje, é muito bom ouvir e cantar Beatles, uma banda que encantou o mundo com as sua irreverência e melodias simples e alegres. Acho que a simplicidade musical foi o forte do quarteto britânico.

Mas, obviamente, o tempo passa e a gente vai incorporando outros gostos musicais. Quando ainda adolescente, ajudava meu cunhado e os seus irmãos em uma loja de discos, a Scala Musical, no centro de Anápolis, na Engenheiro Portela.

Era época do disco de vinil e das fitas K7. Essa última era bem interessante. Comprávamos as fitas “virgens” e gravávamos as músicas que gostávamos. Só que, de vez em quando, as fitas arrebentavam e era preciso fazer uma “intervenção cirúrgica” para recuperá-la, unido os dois pontos onde houve a quebra, usando durex. Perfeito!

Já o vinil tinha a sua graça, mesmo depois de velho com os arranhados e chiados, inevitáveis com o uso. Isso, quando não furava em alguma faixa (a mais tocada). Aí, um pequeno empurrão na base da agulha resolvia.

Na loja, aprendi a diversificar o gosto musical. Houve uma época que fiz um passeio pelo heavy metal: ouvia AC/DC, Iron Maiden, Led Zeppelin, Black Sabah, Nazareth e outros.

Depois (e até hoje), passei a curtir mais o chamado rock progressivo (minha preferência). Conheci esse gênero musical por influência de um amigo, o Ricardo, que chegando de Belo Horizonte nos apresentou um vinil da banda inglesa Yes.

Paixão à primeira vista. Ou, melhor, à primeira ouvida. Depois, conheci o Pink Floyd, através de outro Ricardo, o cunhado.

 E, também, mais no viés do blues, minha musa do rock, Janis Joplin. Até hoje, não tem como deixar de ouvir. Música boa não enjoa.

Mas, na época em que eu ia prestar o primeiro vestibular, aconteceria a primeira edição do Rock in Rio. E uma das atrações era nada menos que o Yes. Tinha outras bandas incríveis escaladas, dentre elas, o Queen. Mas era o Yes que eu sonhava em ver no palco. Eu e um amigo, o Bruno (Piri), que compartilhávamos o gosto pelo rock, fãs também do Supertramp, começamos a planejar a ida ao Rio de Janeiro para o festival. A ideia era ir de carona, porque a grana era curta.

Mas, minha expectativa foi frustrada porque a data do vestibular coincidiu com a data do show. Fiquei triste e um pouco decepcionado. Mas, ainda bem que a televisão ia transmitir o Rock in Rio. Naquela época, a TV tinha como conectar com um gravador de fita cassete para gravar as músicas. Não era a mesma coisa, porém, melhor do que nada.

À noite, depois da prova no Vestibular – que não fui bem na matemática, para variar – sentei para ouvir e ver o show do Yes.

Qual não foi a minha surpresa, o telefone tocou e meu amigo Piri me ligou de um orelhão da Cidade do Rock e colocou o Yes na linha para eu escutar. Uma passagem legal e inesquecível, sem dúvida, que carrego até hoje.

Uns tempos atrás, o vocalista da banda, o sensacional Jonh Anderson, veio a Goiânia para um show num pub, o Bolshoi. Lá fomos eu e um sobrinho, o Danilo, assistir a apresentação. Ficamos a poucos metros de um dos líderes da banda Yes, que tocou e cantou grandes sucessos da banda. Senti-me como se estivesse no Rock in Rio, em 1985.

E, em tempo, minha frustração com a não ida ao Rock in Rio foi superada, em 2011 quando, com os filhos Willian e o Fernando e uma boa turma, aterrissamos na Cidade do Rock.

Não teve Yes, mas teve Motörhead, Metálica e uma banda meio maluca, a Slipknot; além de Matanza, Sepultura e muitas outras bandas na noite heavy. Valeu a pena!

A música, enfim, é isso: uma mistura de sentimentos que mexem com a gente e marca momentos importantes da vida; nos lembra pessoas; nos faz sentir bem e alegra a alma. Seja qual gênero for que a gente goste. Cada emoção é uma emoção. Yes!

John Anderson, vocalista do Yes, no Bolshoi em Goiânia