Indústria cai 5,6% no terceiro trimestre. Agro fica estável, serviços e comércio crescem

O Instituto Mauro Borges acaba de divulgar o Boletim Trimestral, contendo dados dos principais setores da economia goiana, relativos ao terceiro semestre de 2021, ou seja, de janeiro a setembro.

O estudo traz comparativos com o mesmo período de 2020. A avaliação demonstra que o setor de serviços registrou crescimento, na comparação, de 4%. O setor de comércio registrou alta de 1,8%.

O setor agropecuário, por sua vez, praticamente se manteve estável na avaliação, com um pequeno recuo de 0,4%. Já o setor da indústria registrou queda de 5,6% no terceiro trimestre desde ano, no comparativo com o mesmo período de 2020.

Indústria

Indústria recuou 5,6%

No terceiro trimestre de 2021 a indústria goiana recuou 5,6%, na comparação ao mesmo período do ano anterior.

Os resultados positivos do setor vieram da construção civil (5,5%) e da indústria extrativa (29,6%). No primeiro caso, o crescimento ocorre desde o terceiro trimestre de 2020 e pode ser explicado pela demanda das famílias que investiram em reformas.

Já a indústria extrativa tem apresentado taxas positivas desde o primeiro trimestre de 2021, com aumentos nas produções de minérios de cobre em bruto ou beneficiados, amianto em fibras ou em pó, pedras britadas, castinas e pedras calcárias e fosfatos de cálcio naturais, fosfatos aluminocálcicos e cré fosfatado.

Por outro lado, os serviços industriais de utilidade pública e a indústria de transformação recuaram 12,8% e 10,0%, respectivamente.

Em Goiás, a indústria geral acumulou no ano uma queda de 4,4%, na comparação ao mesmo período do ano anterior.

O resultado foi impactado pela indústria de transformação que apresentou uma taxa acumulada no ano de -5,3%.

Por outro lado, a indústria extrativa tem mantido um crescimento desde o mês de março/2021 e já acumulou no ano uma taxa de 15,0%.

Os resultados da indústria de transformação foram fortemente impactados pelos segmentos de fabricação de produtos alimentícios, fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis e fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos que acumulam no ano taxas de -5,8%, -5,2% e – 29,6%, respectivamente. Esses segmentos representam 72,0% do valor agregado da indústria de transformação de Goiás e, portanto, explicam grande parte da queda industrial.

O relatório do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), mostrou um índice positivo para o 3º trimestre, principalmente, no indicador de expectativas para os próximos meses. Contudo, a inflação, o aumento da taxa de juros e a retomada lenta da economia são acompanhados com preocupação pelos empresários do setor.

Agropecuária

Agro teve pequeno recuo: 0,4%

No terceiro trimestre, a Agropecuária em Goiás e no Brasil recuou 0,4% e 9,0%, respectivamente. O resultado do trimestre foi afetado pelas atividades da lavoura temporária, principalmente com a queda de produção do milho, que possui uma participação relevante no trimestre analisado.

As outras atividades que compõem o resultado da Agropecuária, lavoura permanente e pecuária, apresentaram taxas positivas no trimestre, mas não foram suficientes para reverter a queda no setor.

Mesmo com o impacto do clima na safra 2020/2021, devido à ausência de chuvas que prejudicou o desenvolvimento das principais lavouras no primeiro trimestre, verifica-se também que, apesar do resultado negativo no terceiro trimestre, este foi menor que no trimestre anterior, tendo como principal contribuição o crescimento da produção de arroz, feijão, trigo e mandioca, além de produtos da pecuária.

Com relação à pecuária, conforme a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no terceiro trimestre de 2021 houve um incremento no abate de bovinos (5,3%) e aves (7,2%) e queda no abate de suínos (-5,6%), comparados ao mesmo trimestre de 2020.

Observa-se ainda um aumento no abate de aves, constando-se ser ainda um alimento substituto das carnes bovina e suína.

Segundo Estatística da Produção Pecuária, publicada pelo IBGE, no terceiro trimestre de 2021, foram abatidas 751.599 cabeças de bovinos em Goiás, representando queda de 4,4% comparado ao 2º trimestre do mesmo ano (785.881 cabeças). E o número de cabeças abatidas no 3º trimestre de 2021 foi 5,3% maior que o do 3º trimestre de 2020.

Houve redução de abates em nível nacional no 3º trimestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, Goiás apresentou variação positiva (+38,2 mil). No ranking dos estados, Goiás respondeu por 10,8% do total de cabeças abatidas e passou da 4ª posição em 2020, para a 3ª posição em 2021, ultrapassando Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em número de cabeças abatidas no 3º trimestre de 2021.

Acerca do abate de suínos, Goiás registrou queda de 5,6% no terceiro trimestre de 2021 (484,1 mil cabeças abatidas) em relação ao mesmo trimestre do ano passado (512,9 mil cabeças). No tocante ao trimestre anterior, também apresentou queda (-0,8%), quando foram abatidas quase 487,8 mil cabeças

Os abates no Brasil atingiram 13,718 milhões de cabeças, no terceiro trimestre/2021 e Goiás se apresentou em 8º entre as unidades da Federação.

Serviços

Serviços cresceram 4%

O setor de Serviços goiano, responsável pelo resultado positivo do terceiro trimestre, cresceu 4,0% na comparação ao mesmo período do ano anterior. O Brasil avançou 5,8% durante o referido trimestre.

Os resultados do setor em 2021 são reflexos de uma queda acentuada ocorrida no ano anterior devido à pandemia da covid-19. Com a reabertura das atividades comerciais, espera-se que o último trimestre do ano também seja positivo para o setor.

Porém, fatores econômicos como a inflação, o endividamento familiar e o desemprego podem afetar o crescimento para o próximo ano.

Os principais resultados nas atividades que compõem o setor de serviços foram as atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços

complementares (11,2%), transporte (12,7%) e comércio (8,2%).

O setor de Serviços apresentou uma recuperação consistente ao longo de 2021. Em Goiás, a taxa acumulada até setembro foi de 14,5% e o acumulado em 12 meses foi de 10,1%.

Os segmentos do setor também demonstraram crescimento ao longo do ano, com exceção de outros serviços que, acumularam no ano uma taxa de -2,2%. O segmento de serviços prestados às famílias que sofreram com os efeitos econômicos da pandemia tem apresentado forte recuperação, em 2021.

Contudo, deve-se considerar que os efeitos inflacionários poderão afetar as escolhas das famílias nos próximos meses e prejudicar o segmento. Além disso, cabe apontar o crescimento que as atividades turísticas têm acumulado em 2021 no Brasil (19,9%) e em Goiás (42,3%). São atividades importantes, pois movimentam uma cadeia de serviços diversa e geram empregos e renda.

Comércio

Comércio registrou alta de 1,8%

O comércio varejista goiano, após sucessivos aumentos mensais desde abril/2021, foi marcado por duas quedas consecutivas em agosto (-6,0%) e setembro (-7,5%). Os resultados foram influenciados, principalmente, pelas quedas nos segmentos de combustíveis e lubrificantes e outros artigos de uso pessoal e doméstico. Goiás e Brasil apresentaram taxas acumuladas no ano de 1,8% e 3,8%, respectivamente.

O comércio varejista ampliado tem apresentado índices positivos desde fevereiro/2021 e acumula, em 12 meses, um crescimento de 9,8%.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC/ Fecomércio-GO) mostra resultados positivos nos três indicadores que compõem o índice (Condições Atuais do Empresário do Comércio, Expectativa do Empresário do Comércio e Investimento do Empresário do Comércio). O índice de expectativa do empresário do comércio foi o maior entre os componentes da pesquisa.

Além disso, demonstra que há uma expectativa positiva para os próximos meses, tendo como possível explicação a proximidade com as festas do final de ano. Por outro lado, cabe lembrar que o avanço das vendas do comércio depende da disponibilidade de renda da população, que tem sido impactada pela inflação, desemprego e aumento do endividamento.

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