Claudius Brito – Propaganda na janela? No vidro do caro? Ficou complicado entender? Mas vamos lá, partindo do princípio. Os adesivos plásticos, para quem não sabe, eram um tipo de ferramenta de propaganda lá dos idos anos 1980-1990. Talvez, até, um pouco mais atrás.
Uma arte impressa em um material próprio que se podia colar em vidros, por exemplo: nas janelas das casas ou nos para-brisas traseiros dos carros. Era coisa chique, um diferente marketing, numa época em que não havia redes sociais e nem programas com inteligência artificial.
Era coisa feita na habilidade, juntando produção, meio e mensagem. Direta, o suficiente, para divulgar uma empresa, marca ou serviço.
E aí, um dia, numa casa de minha acolhida de pessoas especiais, de amores e identificações, encontrei nas janelas alguns desses adesivos e me peguei a pensar na história por trás deles. Eram muitos, mas alguns me detiveram.
Começo pelo tênis de cadarço descolado, meio desamarrado, figura de um tênis representando a juventude. A divulgação era da Couro & Lona. A loja começou na Rua 7 de Setembro, em Anápolis, depois se mudou para a Avenida Goiás e lá, virou point ao introduzir os famosos, na época, docksides, com os jovens empresários Márcio e Luciano (Dão).
Eu lá estive trabalhando por um período, após pegar o diploma de jornalismo. E foi uma grande experiência, porque ali a gente trabalhava buscando conceito novo. O sapato desamarrado do adesivo era uma figura de linguagem que representava isso.
Mas, antes de que alguém possa falar da ligação com a Couro & Lona, já menciono aqui que havia dezenas de marcas, na época, de sucesso. Cito, porém, aquelas que lá estavam no vidro da janela: a Tutto Bello e a Curto-Circuíto. Entre muitas e muitas outras…!
No ramo do calçado, vivi também experiência com a Ponta-do-Pé, que inovada com a vendas de sapatos de pontas de estoque de fábricas lá de Franca, no interior paulista.
Mas voltando aos adesivos na janela, tinha Turma de 1996 do Colégio São Francisco; de turmas que estavam se formando nos cursos de Engenharia, com a figura de um bicho meio esquisito. A turma de Odontologia trazia no adesivo a figura do simpático Garfield fazendo um brinde para a turma de 91.
Além disso, tinha-se também nos adesivos, assim como nas estampas de muitas camisetas da época, a figura emblemática de Che Guevara.
Ali coladinho na janela, chamando atenção, um adesivo da marca mundial Coca-Cola. Coisa boa, também, da juventude. Tomar o refri era também badalação.
Tinha, ainda, adesivo de Márcio Covas- um político que guarda boas referências na política e na democracia brasileira; corrida de Kart e vários outros temas.
O adesivo do Consórcio Nacional Albuquerque já dizia, na época: “A crise é forte para quem é fraco. Trabalhe!”
O futebol era adesivado com o escudo do Flamengo. Aliás, todos na casa das janelas são torcedores do time.
Isso foi só um pedaço da história. Algumas janelas, apenas, entre dezenas e milhares de outras que estamparam um pedacinho da propaganda; um pedacinho da história e um pouco da vida de nós passava naquela época, numa coleção de adesivos plásticos.
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