Por Claudius Brito – Hoje deu aquela vontade de ir ao cinema. Mas não ao cinema de hoje e sim o de uns tempos atrás na adolescência em Anápolis. No Roxy, no Vera Cruz, no Santana e no Santa Maria.
Na época, para nossa condição, não era digamos uma diversão simples. Havia uma espécie de ritual e o melhor deles era, sem dúvida, irmos ao cinema nas tardes de domingo. Claro, com a tradicional “domingueira”, ou seja, a melhor roupa.
Aliás, um certo domingo havia caído uma chuva, ainda assim, aquele compromisso não poderia ser adiado. Estava a caminho do Vera Cruz, quando um carro passou numa enxurrada e me molhou todo. Não dava para entrar daquele jeito e nem tempo havia para trocar de roupa e voltar. Alguém havia conseguido estragar meu domingo.
Mas, de outras vezes deu certo. E, lá na telona, a gente curtia Grease (1978) com John Travolta e Olívia Newton-John. Um musical alegre e cujas baladas dançantes viraram sucesso na época.
Muitos apostavam para ver quem saia do cinema sem chorar, depois de assistir o comovente “The Champ”, o Campeão, de 1979.
Outro sucesso foi o Lagoa Azul ((1980), estrelado pela bela Brook Shields, que também foi protagonista de Endless Love, Amor Sem Fim (1980), cuja trilha sonora tem a música de mesmo nome com Lionel Richie e Diana Ross.
Voltando ainda um pouco mais na “máquina do tempo” da chamada sétima arte. Lembro ainda criança de ter ido com um dos irmãos mais velhos assistir um filme dos Beatles. Lá em casa, todo mundo gostava da banda e vê-la no cinema foi incrível, inesquecível.
Nos cinemas, tinha uma espécie de preparo para início da sessão. As luzes aos poucos iam se apagando, havia uma espécie de sinal sonoro e havia quase via de regra, a exibição do Cinejornal Canal 100. E, antes de começar, tinha também a tela da classificação indicativa.
Vez por outra, coisa de adolescente, a gente tentava falsificar a carteirinha de estudante para assistir um “proibido para menores de 18 anos”. Eu nunca consegui, embora quase tenha tentado para assistir Mad Max. Mas na hora “h” recuei.
Contudo, como era bom ir ao cinema. Não se tinha os grandes baldes de pipoca como hoje, mas na entrada havia sempre a venda de balinhas, chicletes, entre outros. Tinha o lanterninha que ajudava levar as pessoas ao assento quando a sala já estava escura.
Não era só isso, o lanterninha tinha também a missão de conter os jovens mais afoitos nos “amassos”.
Via de regra, a gente não pegava nem gripe. Mas aqui e ali havia um flerte. E, às vezes, ficávamos rodando pela sala para ver quem lá estava.
E, claro, não podia deixar de lembrar também as sessões duplas ou às vezes triplas, com filmes de bang-bang, de artes marciais com Bruce Lee e o último que era, quase sempre, um daqueles bem proibidões mesmo.
Cinema é isso: arte, diversão, história. Tudo junto para mexer com as nossas emoções.
Como cantava a saudosa Rita Lee: “No escurinho do cinema, chupando drops de anis, longe de qualquer problema, perto de um final feliz!”
Imagens:
Cine Vera Cruz- Reprodução Anápolis na Rede
Cine Santana- Francisco Garcez- Museu Histórico