Por Claudius Brito- Toda cidade tem os seus personagens. Não, necessariamente, políticos importantes, grandes empresários, celebridades.
São pessoas que de uma forma ou de outra marcam as nossas lembranças com gestos às vezes muito simples, mas edificadores.
Assim é em Anápolis. E, vale ressaltar, cada qual tem na memória os seus personagens.
A cidade pulsa, se desenvolve, constrói a sua identidade e história com as pessoas.
São muitos e muitos personagens, pessoas que estão na lembrança. E, em nome de todos, alguns para representá-los.
Um deles é o Romualdo. É um nome fictício, pois nunca soubemos a sua verdadeira identidade. Romualdo era um senhor que usava chapéu de abas grandes. Todos os dias ele limpava o mato das ruas de paralelepípedo ao entorno da Praça das Mães.
Não era funcionário público, não trabalhava para ninguém. Apenas, limpava a rua com o maior zelo. Não perturbava ninguém. Um dia ele lá não estava mais. Os moradores não souberam o seu paradeiro, mas seu exemplo ali ficou, no gesto simples de um homem para com a sua cidade.
Outro personagem é o Vovô da Praça. Ali, também, na Praça das Mães, ele fazia a festa da meninada distribuindo bandeirinhas de Anápolis, na época em que a cidade estava comemorando o aniversário de emancipação.
Ele era funcionário da Prefeitura e fazia aquilo de forma voluntária, com simplicidade. Mas, certamente, com muito amor no coração.
E, um leitor especial de uma crônica sobre o Vovô da Praça, o jornalista Nilton Pereira, esclarece que esse personagem era o professor Moacyr Romeu da Costa que, inclusive, tem uma escola em seu nome.
E aproveitando a deixa, o Nilton Pereira é também desses personagens especiais que a cidade tem. Um mestre no jornalismo, um conhecedor da história da cidade e das pessoas, porém, acima de tudo, pessoa querida por todos, um cidadão do bem, um amigo.
A crônica continua numa viagem. Certa feita, o então prefeito Anapolino de Faria chamou um grupo de repórteres para conhecer a situação das escolas do município. Ele não mostrava somente o que estava bom.
Fazia questão de mostrar aquelas que careciam de melhorias. Ele sempre fazia questão de repetir que seu lema na Administração era: “Educação, educação e educação”. Deixou seu legado essa visão, além de um trabalho social também muito reconhecido com a primeira-dama Dulce de Faria.
Outro personagem foi o Amador Abdala, seguramente, o primeiro ativista ambiental da cidade. Quando havia desfile cívico-militar, no 31 de Julho ou 7 de Setembro, ele descia do palanque das autoridades e ia pedir os meninos para descerem das árvores.
Dizia eles que não podiam fazer aquilo, porque as árvores seriam para as gerações futuras. Ele tinha uma associação e fazia questão de buscar pessoas para a causa, conferindo uma carteirinha daquelas com uma foto 3X4.
A lista segue com o Paulo Nunes Batista, poeta popular paraibano, comunista, um grande incentivador no meu início de lida no jornalismo.
A emoção e a vibração do Capitão Waldyr O´Dwyer defendendo a indústria e a cidade de Anápolis, nas reuniões da ACIA, é algo também que a lembrança tem o dever cívico de resgatar. Assim como o patriota Epaminondas Costa que, certa feita, na porta da casa dele, na despedida após uma entrevista, me fez, da rua e no sol da tarde, repetir com ele: “Pátria, amada, Brasil!”. Confesso, foi estranho, mas engraçado também.
Outro nome na lembrança é o do professor João Asmar, com sua incrível memória para descrever fatos da cidade. Advogado e escritor, mesmo já com a idade avançada e limitação, ele escreveu livros, alguns, ditando para uma pessoa fazer os escritos dele.
Não poderia terminar sem citar o casal Adhemar-Onaide Santillo, que aprendi a admirar com o tempo, pelo trabalho de ambos. Ele, por sua atuação na Administração da cidade e pela história de luta em defesa da democracia com os irmãos Romualdo e Henrique. Ela, como primeira-dama e deputada estadual. E, hoje, como empresária no ramo da comunicação.
Derradeiramente, dizer que essa lembrança é pequena, diante de tantos anapolinos e anapolinas que ajudaram e ajudam a fazer de Anápolis essa cidade de “lutas e valores”, “poema de bravura que escreveram nossos pais, nossos avós”.
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