Por Claudius Brito- No dia 09 de novembro de 1976, com as presenças do então Governador de Goiás, Irapuan Costa Júnior, e do então Presidente da República, General Ernesto Geisel, era inaugurado o Distrito Agro Industrial de Anápolis (DAIA), um marco no processo de industrialização de Goiás, cuja economia tinha um perfil meramente comercial e agropecuário.
De lá para cá, são 47 anos de história ligada ao desenvolvimento de Anápolis, de Goiás e do Brasil.
Durante o governo de Mauro Borges (1961 a 1964), foi criado o Plano de Desenvolvimento de Goiás (PDEG), também conhecido por Plano MB, que era inspirado no Plano de Metas do, então, Presidente Juscelino Kubitscheck.
Foi dentro desse planejamento, que o Governo da época começou a criar órgãos e secretaria vinculados, de alguma forma, à plataforma de desenvolvimento econômico e modernização do Estado.
A política para a construção de distritos agroindustriais em Goiás teve o seu ápice no ano de 1973, no governo de Leonino di Ramos Caiado, com o advento da Lei nº 7.700 que previa isenções de impostos e criava a Superintendência de Distritos e Áreas Industriais, que ficaria responsável por escolher os locais e dotar de infraestrutura necessária para acolher as plantas industriais.
Anápolis – que desde o início de sua história já tinha forte vocação comercial – acabou sendo estrategicamente escolhida para abrigar um polo industrial, sobretudo, por sua localização, entre duas capitais (Goiânia e Brasília); por estar no centro do País e ser servida por três rodovias federais – BRs 153, 060 e 414 – facilitando o escoamento da produção de Norte a Sul do País.
Além disso, a Cidade foi pioneira ao receber a primeira escola de formação profissional para a indústria do SENAI (em 1952) fora do eixo Rio/São Paulo.
Começo difícil
Após a sua inauguração, o DAIA passou por um período de dificuldades, já que a área, a infraestrutura oferecida, a localização geográfica privilegiada do Município e a política de incentivos não eram, ainda, elementos que, por si só, atraíssem os investimentos tirando o foco da região Centro-Sul do País.
A partir de meados da década de 80, o governo goiano, na gestão de Íris Rezende Machado, adotou uma política mais agressiva de incentivos fiscais, a partir da Lei nº 9489, de 19 de julho de 1984, que criou o Fundo de Fomento à Industrialização (FOMENTAR), que substituiu o Fundo de Expansão da Indústria e Comércio (FEINCOM), oriundo da lei nº 7.700.
Depois veio o PRODUZIR (Lei nº 13.591, de 18 de janeiro de 2000), dando uma repaginada na política de incentivos fiscais, com o intuito de oferecer mais competitividade ao Estado na busca de investimentos para a geração de empregos, rendas e divisas.
Porto Seco
A história do DAIA tem alguns marcos importantes, dentre eles a implantação do Porto Seco, em 1999. Foi a primeira estação aduaneira interior (Eadi) da região Centro Oeste, criado por meio de concorrência pública e licenciado ao grupo empresarial vencedor do certame para a prestação de serviços aduaneiros.
A partir de então, a economia de Anápolis e de Goiás projetou um novo cenário com o aumento da exportação e da importação de produtos.
Polo Farmacêutico
Outro marco foi a implantação do Polo Farmacêutico, que ocorreu pouco tempo depois da vigência da Lei 9.787, a chamada Lei dos Genéricos.
Através de uma política fiscal setorizada, o Estado de Goiás atraiu mais de duas dezenas de indústrias e, hoje, Anápolis é considerado o segundo município brasileiro maior produtor de medicamentos genéricos e o terceiro maior produtor de remédios em geral do País, abrigando plantas como as dos grupos Hypermarcas e Teuto/ Pfizer, que estão entre as maiores da América Latina.
Indústria automobilística
No ano de 2007, o DAIA recebeu a primeira planta automotiva, com a implantação da CAOA, ligada à marca sul-coreana Hyundai. Na mesma planta, em 2018, a chinesa Chery iniciou a produção comercial a partir da planta da CAOA, em Anápolis.
Uma mesma linha de produção, veículos de marcas internacionais diferentes, uma sulcoreana e outra chinesa, ocupando o mesmo espaço cercado por tecnologia de ponta e muita inovação. Este é um caso raro no mundo da indústria automobilística. Mas, acontece aqui, em Anápolis, esse fenômeno da globalização.
Desafios
O DAIA, embora já esteja consolidado, é um distrito industrial que busca manter a sua atratividade, dentro das condições estratégicas que a cidade de Anápolis oferece, sobretudo, em termos de logística. Os principais desafios da atualidade são manter e ampliar a sua infrestrutura, em especial, na segurança de suprimento energético e de saneamento (água e esgoto).
Além disso, o Governo do Estado já destacou uma área da antiga Plataforma Logística, que já está estruturada para poder receber novas plantas fabris.
Além disso, busca-se uma alternativa para o projeto de implantação do Aeroporto de Cargas. A última informação nesse sentido é que o aeródromo seria repassado à Infraero, para que seja colocado em leilão para operação pela iniciativa privada.