A mudança da capital do Brasil para a região do Planalto Central deu-se através de vários marcos históricos e legais. E, muito antes, do ato em que num comício na cidade de Jataí, em 4 de abril de 1955, o então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubistchek prometeu, se eleito, cumprir o dispositivo da Constituição para a transferência da capital do Brasil.
Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira Constituição da República. No artigo 3º, o texto trazia o seguinte: “Fica pertencendo à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal”.
Em 1922, o Decreto nº 4.494, do então presidente Epitácio Pessoa, determina o assentamento da Pedra Fundamental da Nova Capital. Naquele mesmo ano, o deputado goiano Antônio Americano do Brasil apresentava o Projeto de lei nº 183, para que o governo federal administrasse a região demarcada, em Goiás, para a nova capital.
Dois anos depois, o então senador Antônio Ramos Caiado fez um pronunciamento na casa, sobre as vantagens da transferência da Capital Federal para o Planalto central.
Em 1940, o então presidente Getúlio Vargas lançava a famosa “Marcha para o Oeste”, mas a proposta, que tinha por objetivo fortalecer o desenvolvimento no interior brasileiro, não incluía a mudança da capital do Rio de Janeiro.
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Já em 1946, o então presidente Dutra nomeou a Comissão de Localização da Nova Capital.
E é a partir desse ponto da história que Anápolis entra na rota dos atos cruciais que antecederam a instalação da Capital da República, em Brasília.
Essa história teve um personagem importante: o general Djalma Polli Coelho, que foi presidente da comissão de estudos da mudança da capital.
No acervo do Arquivo Nacional, há um filme em que o general Polli e sua equipe percorre a região do Planalto Central, passando por várias cidades como Planaltina, Corumbá, Anápolis, Goiânia, além de fazendas, lagos cachoeiras e as obras da rodovia Transbrasiliana.
No vídeo, o general Polli faz uma narrativa sobre o clima, a altitude, a paisagem “ampla e belíssima” da região, com seus rios, cacheiras, matas, plantações. “Tudo indica possibilidade de fartura e riqueza”, enfatizou.
O presidente da comissão narra que por várias vezes se pegou imaginando um “Brasil mais feliz e poderoso”, na região e uma “nacionalidade mais unida”.
A expedição, que depois se transformaria num relatório, documento esse que foi fundamental para a escolha de local da nova capital, começou por Planaltina, passando na região da Lagoa Bonita e na cacheira Paranoá. Além da região da Chapada dos Veadeiros.
A viagem era feita ora em veículos que, muitas vezes, ficavam presos em atoleiros e tinham de ser empurrados- conforme mostra o vídeo; ora era por montaria e incluiu até uma vistoria com um avião da época.
A comitiva do general Polli também conheceu a obra da rodovia Transbrasiliana, um dos maiores projetos viários do país naquela época, para ligar o Norte e o Sul do Brasil.
Na região dos Pirineus, a expedição foi até o pico onde fica a capela do Divino Pai Eterno.
A próxima parada seria a cidade de Corumbá de Goiás. No meio do caminho, o grupo parou para conhecer a Usina Anicuns, “que fornecia força e luz para Anápolis”, destaca a narração do filme, pontuando que aquela usina operava com 550 cavalos de força.
Chegada em Anápolis
O filme registra a passagem por Anápolis, destacando que a cidade “é o maior centro industrial de Goiás”, na época, com uma população na casa de 20 mil habitantes.
Ainda, a película mostrava Anápolis como ponto terminal da Estrada de Ferro Goyaz, denominando o município como um “portal escoadouro da zona fértil do Estado”. Trocando em miúdos, é o que hoje se denomina de logística.
O relato do vídeo do general Polli traz a informação de que, na época, as exportações de arroz de Anápolis somavam cerca de 1,5 milhão de sacas de 60 quilos.
Ainda na região, a grupo percorreu fazendas, produções de farinha de mandioca e rapadura e criações de gado.
O ponto final da viagem foi a capital do estado, Goiânia.
Em 1949, Djalma Polli Coelho escreveu o parecer sobre o relatório da Comissão Especial da Mudança da Capital na Câmara dos Deputados.
Eleito presidente da República, Juscelino Kubistchek cumpriu o que estava na Constituição. No dia 21 de abril de 1960, Brasília era inaugurada. O sonho da capital no Planalto Central se concretizou.
Fontes de Pesquisa
- 50 anos da Câmara em Brasília
- Brasília: Capital e Mudança
https://artsandculture.google.com/story/PwVBwCVukJNUWQ?hl=PT
- Arquivo Nacional