Por Claudius Brito- Publicado no Jornal/Portal CONTEXTO– Lá no começo da década de 1960, o então presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Mounir Naoum, foi convidado para uma reunião no comando da Aeronáutica, em Brasília.
Naquela reunião, a Força Aérea anunciou o interesse de instalar uma Base Aérea no Município de Anápolis. Ainda, naquela época, não se sabia que aeronave viria para a unidade projetada. Mas, já se tinha o objetivo de que essa unidade, próxima da nova capital do País, teria missões importantes na sua linha do tempo, sobretudo, para a preservação da soberania do espaço aéreo nacional.
O voo, porém, foi muito mais alto.
Na noite da última quarta-feira, 27, a Acia realizou uma reunião especial para comemorar os 50 anos da Base Aérea de Anápolis, com a presença do atual comandante, o coronel aviador Renato Leal Leite.
O encontro foi presidido pelo presidente Álvaro Otávio Dantas Maia e teve a presença do brigadeiro Bragança, que foi também comandante da unidade.
Embora nascido no Ceará, o comandante veio ainda criança para Anápolis e, como militar da Força Aérea Brasileira, serviu por quatro vezes na unidade que agora tem o seu comando.
E, diga-se de passagem, não é uma unidade qualquer, uma vez que a BAAN pode até não ser o maior complexo da aeronáutica, mas, certamente, é hoje a base de maior capacidade e abrangência operacional, abrigando importantes grupamentos.
Esquadrões
Só para se ter uma ideia, estão sob o “guarda-chuva” operacional da Base Aérea de Anápolis o 1º GDA- Primeiro Grupo de Defesa Aérea, o Esquadrão Jaguar, que operou as três gerações das aeronaves de calça Mirage e em breve será o braço operacional do novo caça Gripen; o 2º/6º GAv- Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação, também chamado de Esquadrão Guardião, que pera com as aeronaves E-99, equipadas com modernos radares.
Ainda, o 1º/6º GAv- Primeiro Esquadrão do 6º Grupo de Aviação, o Esquadrão Carcará, uma das unidades de reconhecimento da FAB que opera com aeronaves R-35ª; o 1º GTT- Primeiro Grupo de Transporte de Tropa, chamado de Esquadrão Zeus, que operacionaliza as missões com a aeronave multimissão KC-390 Millenium e, finalmente, o 3º GDAAe- Terceiro Grupo de Defesa Antiaérea.
Estrutura e investimentos
De acordo com o coronel aviador Renato Leite, ao longo dos últimos anos, a Base Aérea recebeu e continua recebendo investimentos para fazer frente aos novos desafios, sobretudo, em relação ao recebimento das novas aeronaves: o gigante KC-390, fabricado pela Embraer; e o caça sueco Gripen, fabricado pela SAAB, da Suécia.
Em entrevista à imprensa, o comandante informou que a chegada do Gripen deve ocorrer agora no segundo semestre desse ano, sendo que ainda não foi dada uma data precisa para essa chegada, aguardada com muita expectativa não apenas pelos militares da Base Aérea, mas pela sociedade local, que já havia se acostumado com aeronaves cruzando os céus e rompendo a barreira do som.
Conforme ainda o comandante, os investimentos já feitos e os que estão ainda para se realizar no complexo da BAAN, deve chegar próximos à casa de R$ 150 milhões.
Na reunião, o coronel Renato Leite brincou dizendo que na FAB há uma espécie de ditado que diz: “Quer que dê certo, joga em Anápolis”.
Essa máxima tem muito sentido, já que o histórico da BAAN e a sua expansão ao que é hoje, ao longo de cinco décadas, mostra que efetivamente muita coisa deu certo.
No relato, o comandante também abordou o papel social da aeronáutica, citando como exemplo a operação que resgatou brasileiros do epicentro do Covid-19, em Wuhan, na China. Inclusive, os repatriados ficaram em quarentena numa mega estrutura montada nos hotéis da base.
Missões humanitárias
Também as operações de apoio humanitário ao Haiti, ao Líbano, o transporte de medicamentos e oxigênio na pandemia e, mais recentemente, o repatriamento de brasileiros que estavam na Polônia, saídos da zona de guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Sem contar, as operações de abordagem de aeronaves fazendo transportes ilícitos, como de drogas, inclusive, no período noturno e os serviços realizados pelos aviões radares, com resultados para vários segmentos. Tudo, com participação da BAAN.
Durante a reunião, foi exibido um vídeo institucional da Base Aérea de Anápolis, o qual termina com uma frase: “Transformando sonhos em capacidade operacional”.
É uma leitura recente, mas que agrega toda a história dos 50 anos da unidade. E uma história que não cessa.