Claudius Brito- Muita expectativa se criou em torno da passagem dos 100 dias do comando político-administrativo de Márcio Corrêa à frente da Prefeitura de Anápolis. A esperada prestação de contas do chefe do Executivo, por conta de um problema de saúde que o acometeu, não aconteceu no dia “D”, que seria quinta-feira, 10 de abril.
O balanço será apresentado oficialmente nesta segunda-feira (14/4), em evento no Teatro Municipal, às 19 horas.
Essa prestação de contas, embora aguardada com expectativa, não é um divisor de águas. Ou seja, ela não vai definir se a gestão acertou mais do que errou, ou vice-versa. E, obviamente, ela não vai ter uma ressonância unânime, pois a interpretação será uma para os apoiadores do prefeito e outra para aqueles que são seus adversários.
Fato é que, nesses 100 dias, o que se pode tirar de conclusão é que todo prefeito que se senta na cadeira enfrenta turbulências em início de mandato. Via de regra, porque o gestor anterior, para cumprir suas propostas, às vezes, pisa no acelerador dos gastos e, com isso, o que assume, pega o cofre municipal meio combalido.
Ademais, uma cidade como Anápolis, com mais de 400 mil habitantes- terceira maior em contingente populacional em Goiás, atrás de Goiânia e Aparecida- e segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) estadual- não é uma cidade fácil de se gerir.
O município não foi planejado lá nos seus primórdios e, por isso, com o crescimento ao longo do tempo, os problemas também cresceram. A frota de veículos emplacados no município, por exemplo, passa de 327 mil e a cidade tem poucas avenidas de maior porte, a não ser a Brasil e a Goiás.
Não se pensava, no passado, num projeto de padronização de calçadas e, hoje, a locomoção das pessoas em alguns pontos da cidade é uma “Via Crúcis” caminhar nos passeios. Tem lugar que a calçada é tão estreita que mal dá para passar uma pessoa e às vezes, tem um poste no meio, obrigando o pedestre a desviar pela rua
Na região central, as tubulações de água e esgoto hora e outra estão rompendo e formando verdadeiras crateras no asfalto. Muitas dessas tubulações têm 30 anos ou mais. Boa parte foi implantada no governo de Henrique Santillo, na década de 1980.
Na baixada da Rua Amazílio Lino e em parte da Avenida Ayrton Senna, ainda ocorrem alagamentos. Não é um problema atual, ele vem de longe, de um passado em que não se tinha uma legislação mais rígida para não deixar construir edificações muito próximas dos mananciais, como ocorreu com o prédio da Prefeitura e do Fórum, para ficar nesses dois exemplos.
Surreal
Voltando à questão viária, o Trevo do Recanto do Sol, que é um dos principais gargalos do trânsito em Anápolis, é outro problema que se arrasta há décadas. Em 2015, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte chegou a realizar uma audiência pública no município, para tratar da duplicação de um trecho de apenas 13 quilômetros de duplicação. Só aí, já se passaram 10 anos.
A BR-414 passou à concessão da Ecovias do Araguaia em 2022 e na época, não havia previsão para essa duplicação. Na época, deu-se uma previsão que a obra poderia sair do papel em um prazo de 24 anos. Surreal! Talvez isso mude, mas foi o que se noticiou.
O Distrito Agro Industrial de Anápolis, o DAIA, passou um longo jejum sem receber grandes empreendimentos industriais, por falta de área. Aliás, tinha área, mas parece que faltava um algo para destravar. Tanto é que agora tem-se 1,7 milhão de metros quadrados do DaiaPlam e isso é só uma parte do que seria destinado à chamada Plataforma Logística Multimodal.
De modo que, colocar na balança os 100 primeiros dias do Governo Municipal, é algo que parece pouco quando se olha para frente, para os desafios que esse governo terá até o dia 31 de dezembro de 2028.
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