Uma reunião que tomou grande parte da manhã e só terminou no início da tarde desta segunda-feira (25/11) deu rumo a uma iminente crise envolvendo os operadores e condôminos do Aeroporto de Anápolis e a Infraero, que passará a administrar o espaço a partir desta quarta-feira, 27.
A reunião teve, inclusive, a presença de lideranças políticas, entre elas os deputados estaduais Amilton Filho e Lineu Olímpio; o federal José Nelto e a vereadora Andreia Rezende. Todos eles hipotecaram apoio aos operadores do aeroporto local.
O encontro foi organizado pela Associação dos Condôminos e Operadores do Aeroporto Municipal de Anápolis (ACOAMA) e já estava em andamento quando compareceram representantes da Infraero, capitaneados pelo diretor comercial, Tiago Faierstein.
O presidente da ACOAMA, Allander Rodrigues Durigon, relatou na oportunidade, sobre a apreensão dos associados, em vista de um comunicado dando conta que a partir da assunção do aeroporto pela Infraero, teria sido dado um prazo até início de janeiro para que todos apresentasses documentos de regularização, sob pena daqueles que não atendessem a determinação serem retirados, inclusive, com a intervenção da Polícia Federal.
Além do que, os operadores e condôminos estavam (e ainda estão) com receio de que as altas taxas a serem aplicadas pela Infraero, possa inviabilizar boa parte dos que ali estão há décadas, aportando investimentos, gerando emprego e desenvolvimento na região.
Não é a toa que Anápolis é um polo aeronáutico de referência. Hoje, para se ter uma ideia, são 26 empresas que têm 322 colaboradores diretos e cerca de 400 indiretos, incluindo a aviação humanitária (Asas de Socorro), Escola de Paraquedismo, Oficinas Mecânicas, Abastecimento de Aeronaves, Aviação Executiva, serviços de hangaragem.
Enfim, é uma cadeia produtiva que tem uma importância não só econômica, mas também estratégica.
O terreno do aeroporto- o civil e o projetado para cargas- pertenciam ao Governo de Goiás, que passou a outorga ao Governo federal, no processo chamado de federalização.
O Governo Federal, por sua vez, no dia 27 de julho desse ano, baixou portaria, através da Secretaria Nacional de Aviação Civil, passando a administração do Aeroporto de Anápolis para a Infraero.
De lá para cá, conforme prevê a regulação, foi aberto um prazo de 105 dias para a transição e esse prazo chega ao fim agora e, de forma oficial, a Infraero assume o Aeroporto de Anápolis.
Durante a reunião, a ACOAMA levantou que um croqui que acompanhava a Portaria, demonstrava que a federação estava abarcando, apenas, a parte do Aeroporto Civil JK e não o aeroporto.
Nesse ponto, o diretor da Infraero, Tiago Faierstein, informou que o governo goiano, por meio da Goinfra, já está providenciado a correção e uma nova portaria deve ser publicada nos próximos dias.
Sítio aeroportuário
Faierstein disse que não existem dois aeroportos. “É um aeroporto apenas, um sítio aeroportuário”, explicou, acrescentando que dentro desse sítio está o aeroporto que já é operacional há décadas e a pista do aeroporto de cargas, que nem homologada ainda foi. Mas o sítio aeroportuário é todo esse complexo, que vai ficar sob gestão da Infraero.
Taxas e retirada
Em relação à taxação das empresas, a ACOAMA fez um estudo preliminar, identificando que em algumas dos espaços utilizados por metro quadrado.
Sobre essas questões, ficou acordado na reunião que a ACOAMA irá reunir os pleitos de cada um dos segmentos que empreendem no Aeroporto de Anápolis e condensar em uma proposta para colocar na mesa de negociação proposta pelo diretor comercial.
“Casa caso será analisado”, garantiu Faierstein. Ele afiançou, ainda, que em hipótese nenhuma haverá a retirada de ninguém, muito mais da forma como havia sido colocado.
Segundo o diretor da Infraero, nos 34 aeroportos regionais sob administração da empresa estatal, a transição ocorreu e não houve maiores problemas e todas as atividades estão funcionando.
“Não tem porque não acontecer em Anápolis”, frisou Faierstein, observando que tudo será conduzido dentro da legalidade e garantindo segurança jurídica às tratativas. Dentro desse contexto virá também o processo da legalização dos espaços.
O presidente da ACOAMA, Allander Rodrigues, vai coletar as informações e irá marcar uma reunião para a montagem do documento que será apresentado para a negociação junto à Infraero.
Ele fez questão de enfatizar que os operadores, de maneira alguma, são contra a Infraero trazer investimentos. Contudo, é preciso também, olhar a parte daqueles que ali estão há vários anos mantendo em funcionamento o aeroporto e, também, fomentando desenvolvimento.
Investimentos
O diretor da Infraero ainda informou, na reunião e em entrevista, que haverá um investimento no aeroporto de Anápolis na ordem inicial de R$ 93 milhões, o que inclui melhorias no Aeroporto Civil, inclusive, no terminal de passageiros, além da infraestrutura.
Tiago Faierstein destacou que a Infraero quer viabilizar operacionalmente o Aeroporto de Cargas, porém, ainda está sendo avaliado qual seria o melhor projeto, para inclusive não prejudicar outra concessão que é a do Aeroporto Santa Genoveva, que vai operar nesse segmento.