Letalidade da dengue, em 2024, é a mais alta em Goiás na série histórica

O ano de 2024 ainda não terminou, mas já é o pior na série histórica da dengue em Goiás, que começou a ser levantada a partir de 2011.

Os números frios das estatísticas mostram a realidade de uma doença que é considerada um problema de saúde pública no país há vários anos. Ano após ano, se faz campanha para eliminar aquele que pode ser chamado de inimigo número um: o mosquito Aedes aegypti.

Esse inimigo está muito próximo de nós. Estudos apontam que cerca de 75% dos focos do vetor da dengue (também vetor de outras doenças como Chikungunya, Zika Vírus) se encontram dentro das residências, sobretudo, nos quintais.

As estatísticas trazem números, mas a pior parte não é essa. É quem está passando pela doença, quem teve pessoas próximas doentes ou perdeu entes queridos nessa batalha.

Mas, o foco aqui são os números. E eles são uma espécie de bússola a nos orientar para o caminho da prevenção e fazer com que esta estatística seja menos cruel.

Números

Este ano, em Goiás, os registros oficiais da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), o número de casos notificados de dengue, até a Semana Epidemiológica (SE) 47 somam 420.270. Em 2023, no mesmo período de avaliação, foram 109.463. Uma variação de 283,94%.

Os casos confirmados de dengue esse ano, somam 308.707. No ano passado, foram 62.560. A variação, nesse caso, foi de 393,46%. Quase quatro vezes mais na mesma base comparativa.

Os casos confirmados de dengue em crianças de 0 a 14 anos, conforme traz o Boletim Epidemiológico nº 09 da SES-GO, somam 52.144. Em 2023, foram 11.686. Ou seja, uma variação de 346,22%.

Apesar do alto número de casos notificados e confirmados e, considerando o início do período chuvoso, apenas 4 municípios estão na classificação de alto risco (+300 casos/1000.000 habitantes; 14 (5,69%) estão na classificação de médio risco (200-300 casos/100.000 habitantes; e 228 (92,68%) estão na classificação de baixo risco (100-200 casos/100.000 habitantes).

Os sorotipos de dengue que predominam apenas na Semana 47, são os de Dengue 2 (4.631- 74,7%) e Dengue 1 (1.560- 25,2%).

Nos municípios de Goiânia, Pontalina, Sanclerlândia, Firminópolis, Goiatuba, Anápolis e São Luís de Montes Belos, foram identificadas circulação dos sorotipos 1, 2 e 4. Temos 02 casos de sorotipos 3 no município de Goiatuba e Rio Verde. O município de Goiatuba é o único que tem a circulação viral dos 4 sorotipos simultâneos.

Óbitos

A pior parte da leitura estatística vem com os dados de óbitos. Nesse ano, já são 408 da Semana 1 à Semana 47. É o maior número de morte por dengue e suas complicações em Goiás, desde que foi iniciada a série histórica, em 2011.

Para se ter uma ideia, até então o maior número de óbitos havia ocorrido em 2022, com 183 registros oficiais. No ano passado, foram 58 óbitos.

Portanto, se comparado com o ano passado, são sete vezes mais. Como último recorde da série, quase quatro vezes mais. Nos últimos 10 anos, tem-se o acumulado de 1.156 óbitos por dengue.

Vale ainda ressaltar que o painel da dengue da SES-GO conta com mais 56 mortes em investigação no estado.

Municípios

Goiânia é município com maior número de óbitos (61), seguido por Anápolis (53), Luziânia (25), Valparaíso de Goiás (15) e Caldas Novas (13). Os óbitos por dengue no mapa goiano se espalham por 37 municípios.

Os óbitos confirmados em menores de 15 anos, em 2024, somam 33. No ano passado foram apenas 6 e, em 2022 e 2021, ocorreram até então os maiores números na série, 9 em cada ano.

Assim, os números atuais são maiores ainda que os dos três últimos anos somados (25).

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