Por Claudius Brito- No dia 8 de fevereiro de 1936, na sede do Clube Lítero-Recreativo de Anápolis, aconteceu e foi registrada a primeira Acta (grafia da época), da primeira reunião de constituição da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA).
A reunião foi conduzida pelo então prefeito José Fernandes Valente. Após a apresentação das finalidades da associação pelos oradores, foi a presentada a diretoria provisória, com a seguinte composição: Albérico Borges de Carvalho (Presidente); Carlos de Pina (1º Vice-Presidente); Cel. Cristóvão Campos (2º Vice-presidente); Manoel da Silva Maria (3º Vice-presidente); José E. Roriz (Tesoureiro); Calixto José Feres (1º Secretário); Declieux J. Crispim (2º Secretário); Nicanor de Faria e Silva (Orador oficial).
Essa ata foi registrada no Cartório de Registro de Títulos e Documentos em 1972, data, portanto, em que a entidade assumiu efetivamente sua personalidade jurídica.
Albérico Borges de Carvalho ficou na presidência por um período curto, de 8 de fevereiro a 27 de maio de 1936, quando assumiu a primeira diretoria, capitaneada por Carlos de Pina.
Este pequeno ensaio conta com registros do livro “Anápolis e a Associação Comercial e Industrial de Anápolis- Breves Históricos”, do advogado, professor e escritor João Asmar.
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A ACIA, hoje, uma das entidades classistas mais antigas em atividade em Goiás, desde a primeira reunião em 1936, ou seja, há 88 anos, tornou-se uma referência de luta em prol do desenvolvimento do município e também do estado.
O DAIA
No princípio, vale destacar, a entidade ainda não tinha a atividade industrial incorporada, o que veio a ocorrer mais tarde.
Contudo, a entidade- através de suas lideranças- teve papel importante (e decisivo, pode-se dizer), para a concretização do Distrito Agro Industrial de Anápolis, o DAIA, em 1976.
Antes disso, vale lembrar, Anápolis já tinha uma posição de vanguarda no processo de industrialização, com os segmentos da indústria do arroz e ceramista, entre outros. Sendo que o setor ceramista, inclusive, foi referencial para a construção de duas capitais no Centro-Oeste- Goiânia e Brasília.
Dentro desse contexto histórico, cabe ainda destacar o comércio atacadista anapolino, também uma peça importante do desenvolvimento regional naquela época e até hoje, com a sua expressividade na economia.
Conquistas importantes
Mais adiante, a ACIA levantou outras bandeiras não menos importantes e que vieram a somar com o crescimento de Anápolis e de Goiás. E, se fazemos parte do Brasil, também o desenvolvimento do país.
Pode-se destacar a luta pela implantação da Estação Aduaneira Interior- o Porto Seco Centro-Oeste- que se tornou uma espécie de engrenagem mestra para inserir o município e o estado na globalização econômica.
Foi a partir de uma reunião, também na ACIA, que se deu os primeiros passos para a implantação do Polo Farmacêutico, hoje, considerado o segundo maior do país.
A entidade trabalhou também para que a cidade pudesse vir a sediar uma indústria automotiva, projeto que se consolidou através da implantação da CAOA. A montadora, atualmente, tem uma linha de produção que atende duas marcas internacionais (a sul-coreana Hyundai e a chinesa Chery).
Os projetos do Centro de Convenções e do Aeroporto de Cargas também tiveram origem a partir de ações da ACIA. O aeroporto ainda não se concretizou, mas isso não tira o mérito da iniciativa. É uma outra história.
Personagens
Ao longo da matéria, propositalmente, não foram mencionados àqueles que, na presidência ou na diretoria da ACIA, contribuíram para as conquistas. Mesmo porque, seria injustiça, pelo fato de muitos diretores que trabalharam anonimamente nas causas.
E, algumas dessas pessoas, justiça se faça, merecem ser lembradas pelo entusiasmo com que se dedicaram às causas da entidade.
Entre elas: Watson Ferreira, que foi por muitos anos executivo da Associação; Capitão Waldyr O´Dwyer, incansável defensor da Plataforma Logística; Epaminondas Costa, João Asmar e Amador Abdala, defensor da causa ambiental, quando o assunto era ainda pouco falado. Só para ficar em alguns, mas são muitos que até apesar da idade avançada, faziam questão da presença, da fala e da defesa de Anápolis.
Isso é o associativismo, isso é história. História que não termina. Apenas, tem apenas páginas viradas e escritas novamente, com novos personagens, novas lutas e ideais.