Anápolis vem, até o momento, suportando bem o período de estiagem. Na próxima semana, a Saneago anunciou que vários setores da cidade terão o abastecimento prejudicado, em razão de manutenções programadas e obras.
É uma situação diferente, hoje, em relação à situação enfrentada pelos anapolinos, na crise hídrica de 2015, quando a população por diversas vezes teve de submeter o revezamento no consumo de água tratada, para se evitar um colapso no fornecimento do produto, por parte da Saneago.
Por enquanto, não há nenhuma orientação sobre revezamento ou, mesmo, racionamento. Mas, a onda de calor e o clima seco contribui para um cenário de aumento de consumo. E, justamente por essa razão, é necessário que haja comedimento. Ou seja, é hora de colocar em prática o consumo consciente, a fim de se evitar que a crise hídrica, como a de 2015, volte a ocorrer novamente.
E, diga-se de passagem, não é uma recomendação para o agora, somente. É uma mudança de hábito que a população deve se preparar para implementar na rotina diária, porque as mudanças climáticas são uma realidade.
Mas, voltando à questão local, em Anápolis, o nível de vazão do Ribeirão Piancó é satisfatório no momento.
Dados obtidos pelo CONTEXTO no Portal de Monitoramento Hidrológico da Saneago, também chamada de Sala de Situação, apontam que a vazão atual (leitura do dia 20 de setembro) é de 584 litros por segundo (l/s). Está abaixo da vazão normal, que é na casa de 890 l/s.
Mas, não chega aos níveis de alerta: 430 l/s (Nível de Atenção); 315 l/s (Nível Crítico) e 220 l/s (Nível Altamente Crítico).
A torcida é para que o bom e velho Piancó mantenha a vazão dentro da normalidade. Caso venha ocorrer uma baixa da vazão, ainda há a alternativa da transposição de água do Capivari para o Sistema Piancó, garantindo um adicional de pelo menos 160 l/s.
Ainda conforme o levantamento realizado na Sala de Situação, dos 10 reservatórios existentes, apenas um estão com nível abaixo de 50%. É o Centro de Reservação Centro/Jundiaí, que na quarta-feira (20), estava operando com nível de 20,31%
Por outro lado, o reservatório Leste/Lourdes/tesouro, operava com nível de 88m74%.
Vale ressaltar que o Portal de Monitoramento Hidrológico registra informações diariamente e, por conta disso, os indicadores podem sofrer mudanças.
Outro ponto importante é que, de fato, investimentos estão sendo feitos pela estatal, no sentido de garantir segurança hídrica no Município. O que não é uma tarefa simples.
Só para se ter uma ideia, em 10 anos, o número de novas ligações de água tratada em Anápolis saltou de 113.737 em 2013 para 154.097. Ou seja, 40.360 novas ligações a mais e um crescimento da ordem de 35,48%. Dados colhidos junto ao painel de indicadores do Instituto Mauro Borges (IMB).
Produção agrícola
Há que se ressaltar, ainda, que o Ribeirão Piancó, que abastece mais de 80% da população urbana de Anápolis, também tem as suas águas utilizadas pelos produtores rurais do Piancó.
Na crise hídrica de 2015, houve até sérios conflitos devido ao fato que conforme denúncias à época, os mesmos estariam bombeando uma quantidade elevada de água para irrigar as plantações.
Inclusive, houve fiscalizações severas na região, com vários equipamentos sendo lacrados por fiscais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A partir daí, com a intervenção do Ministério Público, iniciou-se uma ação envolvendo a Associação dos Produtores do Piancó, Emater, secretarias estadual e municipal de Meio Ambiente, Base Aérea, Dnit e uma série de outros órgãos e entidades com o objetivo de fazer um melhor controle de utilização da água do Piancó e, sobretudo, ações com o objetivo de preservar o manancial.
O que desde então tem mostrado resultado. Entretanto, o consumo consciente é altamente recomendável também para esses produtores, pois sabem bem eles, o valor que tem esse recurso natural que é a água. Para eles, não apenas uma fonte de vida, mas também de subsistência.