Crônica: Vovô de Anápolis!

Por Claudius Brito- Toda cidade tem os seus personagens que, anonimamente, dão ou deram a sua contribuição para a sociedade, seja no trabalho, seja de uma forma simples demonstrando seu amor pelo local onde mora, onde tem as suas raízes.

Em Anápolis, claro, não é diferente! Há muitos personagens anônimos que, de alguma forma, fazem parte de sua história. Ou, da nossa história de vida.

Me reporto à Praça das Mães, nosso endereço à época de criança e pré-adolescente. A praça é o local mais democrático que uma cidade pode ter, porque ela abriga pessoas de toda cor, de todo religião, de toda bandeira política. E, falando em bandeira, essa é a história que vai aqui ser reportada. Mas, não tem nada a ver com política. Tem a ver, com Anápolis.

E o personagem anônimo dessa história era um senhor de estatura baixa, cabelos lisos e um pouco anelado e muito, muito branco. Nunca soubemos qual era o seu nome. Assim, o apelidamos carinhosamente de “Vovô” e ele gostava da forma e como o tratávamos.

Vovô, ao que sabemos, era um funcionário da Prefeitura. Ele morava na Rua Dr. Genserico, quase na esquina com a Xavier de Almeida, bem próximo onde ficava o Cine Santa Maria, onde a gente ia ver os filmes. Sessão tripla, que começava com Bruce Lee.

Mas, Vovô passava todos os dias cortando a Praça das Mães e, não me lembro um só dia de tê-lo visto sem estar com um sorriso aberto no rosto. Não era de muitas palavras. Algumas poucas vezes, o víamos com a sua esposa. Contudo, era uma figura carismática. E tinha muito amor pela sua cidade.

Quando era véspera do aniversário de Anápolis, Vovô fazia a festa com a garotada da Praça das Mães, distribuindo bandeirinhas (como a que ilustra esta crônica). E era uma festa mesmo, todos queriam uma. Era como se fosse um troféu.

Naquela época, era sagrado ir assistir ao desfile cívico-militar. A gente se sentava na calçada da Avenida Goiás para ver os colégios desfilares. Havia uma disputa saudável entre as fanfarras do Couto Magalhães, do Colégio Estadual José Ludovico de Almeida e do Colégio São Francisco.

Um momento cívico importante, de reverenciar a nossa cidade. E nós coloríamos ainda mais aqueles momentos com as bandeirinhas dadas pelo Vovô de Anápolis.

Aonde quer que o Vovô esteja, ele está sendo lembrado com muito carinho, retribuindo aos seus gestos ao amor que ele tinha com todos e com a sua cidade. O que faz dele, também, um dos heróis anapolinos.

Não importa se ficou anônimo. O que vale é o que ficou para ser lembrado e contado.

E, com essa crônica, parabenizo Anápolis pelos seus 116 anos!

EM TEMPO!

Meu amigo e colega jornalista Nilton Pereira que, como poucos, conhece a história e os personagens de Anápolis, deixou nos comentários do blog, uma contribuição valiosa ao blog.  Segue:

“O Vovô de Anápolis” a quem você se refere era o filantropo Moacyr Romeu da Costa (tem uma escola Municipal com o nome dele no Jardim Calixto). Era servidor público municipal, líder maçônico (grau 33) fundador do Lar São Francisco, ligado ao antigo Leprosário. 

De fato, morava na contraesquina da Xavier de Almeida com a Doutor Genserico. Na esquina era a empresa Baterias do Luiz. Depois Seu Moacyr vendeu o imóvel e comprou uma casa no Andracel, onde faleceu alguns anos depois.

*Essa crônica foi publicada, em parte, dentro do projeto “Anápolis 116 anos de história- em imagens e palavras”, da Academia Anapolina de Letras e o blog Anápolis na Rede.