Por Claudius Brito- Nasci em 1964 e, em meados da década de 1970, me apeguei à geração Beatles, do “Ye, ye…ye!!!” que era, por assim dizer, uma unanimidade em minha casa. Lógico, à exceção de meu pai e minha mãe que, apesar de gostarem das músicas, não eram o que se pode chamar de beatlemaníacos.
Sempre tive muitas experiências musicais. Diga-se, de passagem, ecléticas. Gostava de rock pesado, do progressivo, um pouco de música clássica, música popular. Até música sertaneja de raiz. O samba e o saudoso rock 80.
E, em meio a tudo isso, teve uma passagem bacana no meu universo da música. Ou seja, daquilo que eu gostava de ouvir e sentir, porque a música não é só letra e melodia…é, também, sentimento.
Sem delongas, um belo dia conheci Rita Lee e me libertei da vida vulgar, das acomodações musicais.
Me encantei com aquela brasileira meio que de nome estrangeiro, visual psicodélico, letras e ritmos fantásticos.
Ela era Rita Lee Jones, Rita Lee…simples, assim!
Volto ao início para lembrar do cunhado Ricardo, que me presentou na época com um “bolachão”. Era o “Tutti Frutti- Fruto Proibido”, dela, Rita Lee e banda, com selo da Som Livre.
Lado 1: “Dançar prá não dançar”; “Agora só falta você”; Cartão postal”; “Fruto proibido” e, claro, “Esse tal de roque em roll”.
Lado 2: “O toque”; “Pirataria”; “Luz Del Fuego” e a clássica “Ovelha Negra”.
“Orra meu”, não tinha como não gostar. O visual simpático e irreverente da artista; as letras diferentes, alegres, poéticas, simples e carregadas de mensagens, ativismos, abduzismos (se é que tem isso).
Mas a cultura, a arte, a criatividade e a alegria era a sinfonia rock Rita. Tudo junto e misturado!
E, no auge da rockeira, morava eu em Goiânia, fazendo cursinho, quando foi anunciado um show da rainha.
O show era do “Lança Perfume”. Uma baita produção, para a época.
A apresentação foi anunciada com um tempo de antecedência. E seria em dois dias, dada a expectativa de público.
Muitos e muitos dias antes, comecei a me preparar, fazendo o básico: a economia de estudante.
Juntava tudo como podia e como podia. Cortei andar de ônibus. Estudava num colégio da Avenida Universitária e, às vezes, me deslocava até o Setor Campinas, a pé, para economizar no transporte coletivo.
Economizava também com o ônibus de Goiânia para Anápolis, indo para o trevo pegar carona. Naquela época, ainda se podia fazer isso com certa tranquilidade.
Mas a economia deu certo.
Fui e voltei, nos dois dias de shows, andando a pé, do Ginásio Rio Vermelho até em casa durante a madrugada.
Fui só para os dos shows, com minha liberdade.
Voltei, de ambos, com o êxtase de como haver cumprido um dever. Qual, seja: reverenciar a rainha Rita Lee.
Essa história pode não ser tão grande, tão relevante. Mas, é minha história com Rita Lee. Dois dias de show e uma eternidade de lembranças…boas lembranças…!