Por Claudius Brito – A Segunda Guerra Mundial já acontecia na Europa, quando o então presidente Getúlio Vargas sancionou, em 20 de janeiro de 1941, o decreto-lei nº 2.961, criando o Ministério da Aeronáutica.
No entanto, ainda em seus primeiros passos – fundando escolas e aeródromos – a Força Aérea Brasileira (FAB) foi obrigada a ingressar em um teatro de operações extracontinental, no qual a aviação de caça brasileira teve o que se pode chamar de seu batismo de fogo e cumpriu papel fundamental em missões na Itália.
Em 18 de dezembro de 1943, foi criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) e, em 20 de julho de 1944, a Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (1a ELO).
O 1º GAVCA saiu do Brasil com 350 homens, incluindo 43 pilotos, e chegou a Livorno integrando o 350th Fighter Group da Força Aérea Americana.
Equipado com os P-47 Thunderbolt, era conhecido como “1st Brazilian Fighter Squadron (1st BFS)”, com o código “Jambock”.
O símbolo do grupo foi idealizado a bordo do navio a caminho da Itália. Dos elementos: a moldura auriverde simboliza o Brasil; o céu vermelho, a guerra; o avestruz, o piloto de caça brasileiro, que precisou se adaptar a diferentes alimentos em suas missões; o escudo azul com o Cruzeiro do Sul é o símbolo das Forças Armadas do Brasil; e a arma empunhada pelo avestruz, o poder de fogo do P-47.
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“Senta a Púa!” era o grito de guerra do 1º GAVCA.
Já o Hino da Aviação de Caça foi composto após uma bem-sucedida missão na quarta-feira de cinzas de 1945, o “Carnaval em Veneza”.
O clímax da atuação da Força Aérea Brasileira na segunda guerra deu-se exatamente em 22 de abril de 1945, quando uma grande ofensiva dos Jambocks contabilizou 44 decolagens em 11 missões em um único dia.
Mas, onde entra Anápolis nessa história?
A história da aviação de caça no Brasil teve seus primórdios lá na segunda guerra. Contudo, um pedaço mais recente dessa história passou a ser construída no Planalto Central.
Mais precisamente, na Base Aérea de Anápolis
Desde o início da década de 1970, quando a Base Aérea de Anápolis (BAAN) foi instalada, trazendo para o centro do país uma das principais unidades de defesa e de preservação da soberania do espaço aéreo nacional, foram abertas mais páginas no livro da história da aviação de caça no Brasil.
No dia 1º de outubro de 1972, a BAAN recebia o primeiro caça Mirage, adquirido da Marcel Dassault, da França. No total, a unidade recebeu 16 dessas aeronaves, na época, consideradas entre as mais modernas e, inclusive, capazes de voar de voar a uma velocidade de mach 2.
Durante décadas, os caças Miragem cumpriram seus objetivos e missões operacionais na BAAN. Mas, a história começou a mudar em 2006, com a criação do projeto denominado FX-2, visando o reequipamento e a modernização da frota de aeronaves militares da Força Aérea Brasileira (FAB). Naquele ano, foi aberta a licitação para a aquisição de novos caças.
Somente no dia 18 de dezembro de 2013 é que o Governo Brasileiro anunciou, oficialmente, a aquisição dos caças Gripen, fabricados pela SAAB, da Suécia, num pacote de 36 aeronaves. Conforme divulgado na época, uma transação na casa de US$ 5 a US$ 6 bilhões. O contrato envolveu também acordos de transferência de tecnologia.
De 2013 para cá a espera foi grande. O ciclo dos Mirage foi encerrado. A BAAN ficou guarnecida com o caça F-105 e, ao mesmo tempo, várias obras foram iniciadas com o objetivo de recepcionar o novo supersônico.
Dezenas de milhões foram investidos em infraestrutura e suporte operacional, assim como também em moradia para a recepção do aumento de efetivo militar.
Novos caças
Em novembro do ano passado, 50 anos após a chegada do primeiro Mirage, a Base Aérea de Anápolis, registrou-se o pouso das duas primeiras unidades operacionais do F-39 Gripen, o FAB 4103 e o FAB 4104.
Porém, foi no dia 12 de dezembro, com a presença do então ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar, Carlos de Almeida Baptista Júnior e várias autoridades civis e militares, que essas duas aeronaves, efetivamente, iniciaram as operações na BAAN.
Pontualmente, às 10 horas, as aeronaves decolaram da pista da unidade militar e fizeram um voo breve, retornando em seguida para o tradicional batismo com jatos d´água.
E, assim, é mais uma história que começa tendo Anápolis como ponto de referência da aviação de caça. Com a história dos Mirage, dos Djon Boys, do voo do tricampeão de Fórmula 1, Ayrton Senna. O voo dos 16 Mirage.
Enfim, muitos fatos e personagens nessa história que não se acaba, mas se renova, agora, com a nova geração: os Gripen.
E que venha mais história!
(Com informações da Força Aérea Brasileira)