Índice de perda de água tratada em Anápolis é maior que em Goiânia e Aparecida

Por Claudius Brito- O Instituto Trata Brasil divulgou recentemente o Ranking do Saneamento. Um estudo amplo, que se desenrola a partir da análise de 12 indicadores. É uma espécie de raio-x do saneamento básico no país.

Essa pesquisa é um referencial importante para referenciar políticas públicas, investimentos no setor e, também, em última análise, para que a população possa compreender um pouco melhor acerca dessa questão que está no nosso cotidiano e tem muito haver com algo que estamos sempre buscando: qualidade de vida.

A pesquisa do Instituto Trata Brasil tem um recorte que chama atenção, o Indicador de Perdas na Distribuição.

Um pouco mais atrás, em 2022, o próprio instituto fez um estudo específico sobre a situação de perdas de água nos sistemas de distribuição no Brasil, com base em dados consolidados de 2020.

Esse estudo demonstrou que a água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil equivale a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira – maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo

“Mesmo considerando apenas os 60% deste volume que são de perdas físicas (vazamentos), estamos falando de uma quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020”,

apontou o levantamento.

Vale ressaltar que a perda de água da distribuição não é uma perda intencional. Ela pode ocorrer por vários fatores, entre eles: vazamentos em diferentes pontos do sistema de abastecimento; ligações clandestinas e irregulares; erros de medição e consumos não autorizados.

“Tais desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, onerando o sistema como um todo, e, em última instância, afetando a todos os usuários”, assinala o Instituto.

De maneira que o entendimento é que essas perdas são, pode-se dizer, perdas compartilhadas e a população, portanto, tem sua parcela a contribuir dentro do contexto do consumo consciente, pois embora seja um recurso natural renovável, paira sempre a desconfiança que essa “torneira natural” não vai secar algum dia.

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Recentemente, inclusive, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) trouxe o alerta de uma possível crise global de escassez de água, sendo que a escassez sazonal do recurso pode se tornar mais frequente na América do Sul.

Assim, a preocupação com a perda de água é algo a se pensar e é algo que não está distante de nós.

Situação em Anápolis

No ranking 2023 do Instituto Trata Brasil, Anápolis aparece no levantamento com percentual de 38,45%, acima da mediana que foi de 36,51%.

Para efeito de comparação, em Goiânia, o mesmo indicador trouxe o percentual de 19,50% e, em Aparecida de Goiânia, de 22,89%.

Ou seja, estamos muito atrás.

No indicador de Perdas no Faturamento (afere a água produzida e não faturada), que não tem relação direta com as perdas na distribuição, o índice de Anápolis foi de 37,33%. A mediana ficou em 38,75%. Os índices de Goiânia e Aparecida de Goiânia foram de 19,15% e 19,72%, respectivamente.

O indicador de Perdas Volumétricas (litros/ligações/dia) foi de 203,09 em Anápolis. A mediana foi de 461,96. Em Aparecida de Goiânia, o índice ficou em 98,13.

Neste caso, ficamos abaixo da mediana, mas bem acima da cidade vizinha, que é a segunda mais populosa de Goiás, atrás de Goiânia e à frente de Anápolis, terceira cidade com mais habitantes no Estado.

Ranking Geral

No ranking geral, Anápolis aparece no 46º lugar. Goiânia, a capital, aparece no 22º lugar e Aparecida de Goiânia, em 52º lugar.

Apenas esses três municípios aparecem no grupo de 100 municípios que estão no universo amostral da pesquisa, que considera as estimativas populacionais do IBGE em 2021.

Para compor o Ranking, o Instituto Trata Brasil considera informações fornecidas pelos prestadores de serviços de saneamento básico presentes em cada um dos municípios brasileiros. Esses dados são retirados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Com informações do Instituto Trata Brasil