Desde cedo, aprendi a cultivar laços com o civismo. Meu pai gostava de assistir aos desfiles cívico-militares do aniversário da cidade e do 7 de setembro em Anápolis.
E, sempre nessas datas, alguns fatos vêm à memória.
Entre eles, me recordo do ambientalista Amador Abdala, que representava uma associação criada por ele em defesa da causa, muito antes de ela ter a visibilidade que tem hoje.
Amador era uma figura carismática. E, nos desfiles, ela era presença certa no palanque das autoridades. Entretanto, vez por outra ele descia para tirar os garotos que subiam nas árvores para terem uma visão melhor do evento.
Ele dizia que as árvores deveriam ser cuidadas, porque eram para as futuras gerações.
Não dá como, também, deixar passar a lembrança dos caças Mirage que faziam voos emocionantes e barulhentos nos céus, de vez em quando, pregando susto em quem estava na avenida assistindo ao desfile.
No aniversário de Anápolis e o 7 de setembro, havia muita disputa entre os colégios, sobretudo, as fanfarras. Entre elas: a do Colégio Estadual José Ludovico, do Couto Magalhães, do Colégio São Francisco, do Colégio Auxilium.
Certa feita, inclusive, até participei da fanfarra do Colégio Estadual José Ludovico de Almeida, que tinha à frente o professor Davi. Mas, no dia do desfile, a memória falha, mas não pude estar na avenida tocando o Tarol, instrumento que havia escolhido nos ensaios.
Mas, outra recordação do 7 de setembro era ver a Praça Bom Jesus repleta de famílias. Todo mundo tirava a “domingueira” do guarda-roupas. Afinal, tinha-se aquela comemoração como, de fato, uma festa.
Na escola, antes de entrar para a sala de aula, às vésperas da Independência, era costume fazer fila e cantar os hinos nacional e da bandeira.
E, para os finalmentes, mais uma lembrança. Não tem muita ligação com os desfiles de 7 de setembro, mas tem muito a ver com o civismo.
Certo dia, fui à casa do comendador Epaminondas Costa, outra personalidade de Anápolis. Ele havia recebido uma homenagem da Base Aérea e queria compartilhar o feito nas páginas do Jornal Contexto.
Fui lá, fiz a entrevista e uma boa conversa. Na saída, mesmo com a saúde já um pouco debilitada, Epaminondas fez questão de ir até à porta para a despedida. Nessa hora, ele do lado de dentro e eu já do lado de fora de casa, fui surpreendido com um pedido. Qual seja, que fosse uma despedida eloquente.
Ele, então, em posição de continência, como um militar, pediu que eu repetisse com ele a frase da despedida: “Pátria, amada…Brasil!”
Foi bem estranho, ali, no meio da rua aquele gesto. Mas, valeu pela lembrança e pelo espírito cívico. Foi a última vez que estive com o Epaminondas, de quem guardo boas lembranças.