Por Claudius Brito- Publicado no Jornal/Portal CONTEXTO– A exemplo do que vem ocorrendo em alguns países, devido a preocupação com as emissões de poluentes pelos veículos movidos a combustão, a CAOA Chery lançou esse ano uma estratégia ousada de lançar uma gama de modelos eletrificados.
E, em menos de um mês, segundo informações da assessoria da montadora, o faturamento já chegou na casa de R$ 430 milhões em vendas com a sua nova linha de produtos, que somam em torno de 2.000 carros encomendados.
Na noite da última quarta-feira, 03, o diretor de operações da CAOA, Eugênio Cesare participou de uma reunião da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA), dentro ainda das comemorações dos 115 anos do Município.
E, de acordo com o executivo, dentro desse ciclo, a CAOA tem 15 anos na história de Anápolis e, por isso, foi também homenageada pela entidade classista que representa vários segmentos da economia, inclusive, o setor empresarial. A reunião e as homenagens foram conduzidas pelo presidente Álvaro Otávio Dantas Maia.
Cesare destacou que ao longo de uma década e meia, a CAOA, cujas iniciais remetem ao nome do fundador da companha, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que faleceu no dia 14 de agosto do ano passado.
A planta da CAOA foi instalada em Anápolis no ano de 2007. De lá para cá, segundo Eugênio Cesare, já foram mais de 370 mil carros vendidos, sendo cerca de 300 mil da marca sul-coreana Hyundai (que foi pioneira na produção em terras anapolinas) e cerca de 70 mil da marca chinesa Chery.
Aliás, é uma peculiaridade da indústria de Anápolis, que divide parte das linhas de produção para duas bandeiras internacionais.
Híbridos
Mas, as atenções se voltaram para a novidade do momento que são os carros elétricos. No caso, a produção iniciada em Anápolis por parte da CAOA Chery tem como carros-chefes, nesta fase, os modelos híbridos, que utilizam eletricidade e combustíveis.
Segundo o diretor de Operações da CAOA, de um mês para cá já foram entregues nada menos que 700 veículos com motorização híbrida.
Durante a reunião, o representante da montadora foi questionado sobre a equalização de preços, uma vez que, hoje, os veículos totalmente movidos a eletricidade ou os híbridos ainda têm um preço de mercado mais elevado e sobre a aceitabilidade desses novos modelos no mercado, em especial, no mercado brasileiro.
O executivo respondeu, em relação a questão de preço, o que vai mudar o cenário no médio e longo prazo é a demanda. Quando mais ela subir, a tendência é que os veículos tenham preços mais ajustados.
Em relação a aceitação, Cesare pontuou que a chegada dos elétricos no mercado não apresentará uma mudança súbita de cenário. Ou seja, segundo ele, ainda por um bom tempo os veículos a combustão serão maioria na frota circulante do país.
Contudo, é uma mudança de comportamento e isso leva tempo, não só por conta da aceitação do consumidor em relação à nova tecnologia, mas as mudanças que são inerentes a essa novidade, como, por exemplo, na questão da manutenção.
Mas, é uma mudança e o mercado é sempre havido pelo que há de novidade, sobretudo, no que diz respeito à tecnologia e a sustentabilidade.
Parceria
Eugênio Cesare fez questão de reconhecer a parceria da CAOA com o Senai de Anápolis, que foi fundamental no início de implantação da fábrica, para a formação de mão-de-obra. Desde então, essa parceria tem se mantido. Inclusive, recentemente, a empresa necessitava de formar pessoal para abrir um segundo turno de produção.
Foi, então, montada uma grade de capacitação nas áreas de logística, solda, pintura e montagem. O resultado dessa parceria foram 1.064 contratações. A CAOA instalou no Senai equipamentos semelhantes aos que têm na sua linha de produção e os cursos, diga-se de passagem, não formam apenas para a empresa, mas para o mercado.
A iniciativa foi inscrita em um concurso nacional e, agora, se tornou finalista.
Testemunho
Durante a reunião, o empresário e ex-presidente da ACIA, Ridoval Chiareloto, deu um testemunho sobre a dificuldade que foi para trazer a CAOA para Goiás e, particularmente, para o Distrito Agro Industrial de Anápolis (DAIA).
Chiareloto lembrou que após muitas idas e vinda a São Paulo, quando ocupava a secretaria estadual de Indústria e Comércio, acabou estabelecendo amizade com Carlos Alberto, o Dr. CAOA. O qual, por sua vez, trabalhava junto à direção da organização, na Coreia do Sul para viabilizar o projeto.
Uma montadora de veículos não é um empreendimento qualquer e, por isso, outros estados, segundo Chiareloto, entraram na “briga”, dentre eles Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo.
Goiás ofertou uma área no DAIA, à época, considerada “pequena” pelos sul-coreanos. E, com o acirramento da disputa, o governador Marconi Perillo fez na época um projeto para aumentar os incentivos fiscais, além de outros atrativos. E, ao final, Goiás e Anápolis conseguiram atrair a CAOA.
E a história, agora, segue com os híbridos, os elétricos e outras inovações de uma indústria que Anápolis acolheu para fazer parte da sua própria história.