Senai 70 anos: uma engrenagem da indústria de Anápolis e de Goiás

Por Claudius Brito- A vocação de Anápolis para a indústria, certamente, foi um atrativo para a instalação da primeira unidade do Serviço Nacional da Indústria (Senai), em Goiás, já por conta da vocação do Município para a indústria. Foi uma atitude visionária para época e que, de fato, tornou-se um marco importante no processo de industrialização do Município e do Estado de Goiás.

O livro: “Senai Goiás 60 anos – Da carpintaria à automação industrial”, de autoria dos jornalistas Deire Assis e Dehovan Lima, traz um retrato sem retoques sobre a vinda do Serviço Nacional da Indústria para Goiás, antes mesmo da criação da Fieg.

Anápolis foi a cidade escolhida para abrigar a instituição que era, então, subordinada à 6ª Delegacia do Senai de São Paulo, dirigida pelo engenheiro suíço Roberto Mange, que veio para o Brasil lecionar Engenharia Mecânica e tornou-se um artífice na construção das escolas Senai de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Anápolis, dentre outras.

Foto de arquivo das instalações do Senai

– É 9 de março de 1952. Quatro anos antes, em 1948, tivera início a construção da primeira unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no Estado de Goiás. Anápolis, município à época com pouco mais de 30 mil habitantes e um parque industrial com quase nenhuma projeção, dedicado às monoculturas, foi eleito para abrigar a escola graças ao empenho do então arcebispo metropolitano de Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira. O bispo, que recebera o título de Arcebispo da Instrução, era conhecido por “plantar escolas por onde passava” – destaca o livro.

A semente plantada por Roberto Mange e por Dom Emanuel Gomes gerou bons frutos. O Senai de Anápolis tornou-se referência e mola propulsora para o desenvolvimento da região.

Foi na unidade que o Capitão Waldyr O´Dwyer formou mão-de-obra para atuar na concessionária Mercedes- Benz, Anadiesel, fundada e constituída inicialmente em 1963 por ele, juntamente com Virgilio de Barros Abreu, então gerente da Brasília Diesel, e por um renomado mecânico da época, Juarez Machado.

Em uma via de mão dupla, a Anadiesel, por sua vez, fornecia estrutura para as aulas práticas dos alunos da área de mecânica do Senai.

Além disso, o Senai foi a porta aberta para a indústria de metalurgia, tendo como um dos principais parceiros, na época, a oficina da família Steckelberg, que chegou a prestar serviços importantes durante a construção e nos primeiros anos da implantação de Brasília, no Governo Juscelino Kubistcheck.

O Senai de Anápolis foi, também, um aliado importante na formação de mão-de-obra para atender às necessidades do polo farmacêutico, que surgiu no começo dos anos 1990 e, hoje, é o segundo maior do País.

Foi também por meio do Senai, que foram formadas as primeiras turmas para o chão de fábrica da montadora CAOA. Uma parceria que se mantém nos dias atuais. Hoje, inclusive, a montadora trabalha com duas bandeiras internacionais: a Hyundai, da Coreia do Sul, e a Chery, da China.

Em Anápolis, o Senai ampliou seu escopo de aprendizagem, oferecendo além de vários cursos técnicos, também cursos tecnológicos superiores, através da Faculdade de Tecnologia Senai Roberto Mange, que teve o reconhecimento do MEC no ano de 2004.

Referência

Atualmente, o Senai Goiás, através de suas unidades espalhadas na capital e no interior, é considerado o número 1 do País, segundo o Sistema de Avaliação Regras de Desempenho, realizado anualmente pelo Departamento Nacional para avaliar performance em eficiência e qualidade na educação profissional, tecnologia e gestão.

Para dar continuidade ao projeto de expansão da rede Sesi e Senai em Goiás, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, anunciou investimentos de mais de R$ 500 milhões na compra de equipamentos e capacitação do quadro técnico das instituições.

Segundo ele, o objetivo é tornar a indústria goiana a primeira do Brasil, mais competitiva e produtiva, com a oferta de profissionais cada vez mais antenados com as tendências e desafios do mundo do trabalho, na esteira da corrida da Indústria 4.0.

“Para isso, criamos o Conselho de Pensadores do Futuro da Educação, um verdadeiro time de craques no assunto, especialistas conceituados e com renome nacional, para auxiliar tanto o Senai quanto o Sesi a aprimorar ainda mais suas ações educacionais”, ressaltou.

Autoridades cortam o bolo e cantam o “Parabéns!” para o Senai

Bolo de aniversário

Com direito até a bolo de aniversário, a celebração dos 70 anos do Senai goiano reuniu, na Faculdade Senai Roberto Mange, em Anápolis, antiga Escola Senai GO 1, autoridades, empresários, professores, alunos e ex-alunos. CEOs da Caoa Montadora e da Brainfarma, Eugênio Cesare e Daniela Muassab Castanho, respectivamente, testemunharam em depoimentos a excelência do trabalho do Senai nas companhias que comandam, respaldados pelos ex-alunos do Senai Anápolis Fábio Pereira, hoje diretor de Produção da Caoa, e Gustavo Antônio da Cunha, atualmente gerente Fabril da Ambev.

Anfitriã do evento, a diretora da Faculdade Senai Roberto Mange, Misclay Marjorie, disse que os 70 anos do Senai é um marco histórico para Goiás.

“Estamos celebrando com muito carinho essa data tão importante para todos nós, que fazemos parte do Sistema Indústria em Goiás e que trabalhamos incansavelmente para formar profissionais para atuar em vários e diversificados processos industriais. Nossos alunos têm a credibilidade e chancela do Senai para conquistar uma trajetória profissional de sucesso”.

Diretor regional do Senai e superintendente do Sesi, Paulo Vargas reforçou a importância do trabalho realizado pela instituição para o desenvolvimento socioeconômico de Goiás.

“O Senai é comprometido com o crescimento industrial do Estado, com a formação de mão de obra de qualidade, que atenda às mais diversas demandas. Estamos entre os três melhores regionais do País porque investimos continuamente em modernização da rede de ensino e em treinamento do quadro de docentes. Somamos quase 3 milhões de matrículas nesses 70 anos de atuação e, só nos últimos quatro anos, atendemos mais de 4.500 indústrias, e isso é só começo porque queremos fazer cada vez mais e melhor”.

Paulo Vargas

Com informações da assessoria Fieg e do Livro: “Fieg Anápolis- Uma história de lutas”

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